Precisamos falar sobre comida
Com a crescente onda de programas culinários, sobretudo os que estimulam a competição como o Masterchef, muitas pessoas estão passando a dar mais valor àquilo que comem. E isso é muito bom, porque paladar é uma experiência adquirida, e uma vez que você o desenvolve não volta atrás. Mas existe um efeito colateral nesse sucesso dos programas culinários, a pretensão e o ego daqueles que cozinham e julgam. E isso é um problema.
Não caia na onda gourmetizadora
O próprio meme do "raio gourmetizador", que rebatiza receitas tradicionais com nomes metidos, na maioria das vezes em inglês ou francês, é fruto dessa pretensão. E isso é ruim porque dá destaque para o que deveria ficar em segundo plano, como a assinatura do chef, a apresentação do prato e o valor a ser cobrado. Deixando de lado o mais importante, a qualidade e a origem da comida.
Aqui no Sans Souci entendemos que comer bem deve ser uma experiência sem frescura. E a procedência e qualidade da comida servida está sempre em primeiro plano. Daí o porquê de termos aderido ao movimento slow food e de nos orgulharmos de trabalhar com produtores locais. Não queremos que os clientes saiam dizendo que comeram num restaurante chique cujos pratos eles mal conseguem pronunciar os nomes. Nos alimentamos de críticas como "Pratos saborosos com preço justo”.
Mas quem já nos conhece sabe que a apresentação não é deixada de lado. Vendemos experiências e bons momentos, sabemos disso. Então, claro que nos preocupamos com que as técnicas culinárias sejam bem executadas e que o prato chegue lindo na mesa do cliente, mas são preocupações que trabalhamos depois de assegurar que o prato é saudável e saboroso. Manifesto
“Pense nelas como pequenas colheradas de pretensão”. Cartoon do site Clues to life.
A jornalista e crítica gastronômica, Ailin Aleixo, no mês passado publicou um texto que serve de manifesto para essa preocupação de todos que pensam o assunto "comida". No texto batizado de "A glamourização do irrelevante e o desprezo ao essencial", Ailin trata disso, da negligência ao que mais importa em se tratando de alimentação, que basicamente é garantir que o alimento seja saudável, saboroso e produzido de maneira sustentável. No texto ela exemplifica sua defesa por mais atenção ao básico, dizendo que não se importa com chefs badalados ou quantas estrelas ou premiações tem um restaurante, pois o que realmente "importa é gente que se importa. Gente que não trata comida apenas como um degrau para a fama ou commoditie, mas sim como o que ela é: algo vital, prazeroso, que nos move, nos adoece ou cura." Palmas para Ailin! Clap Clap Clap!!! Por isso recomendamos fortemente a leitura do texto dela, bem como o seu site, o Gastrolândia, que sempre tem dicas excelentes de casas que se "importam". Boa leitura! :)
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Confira a íntegra do texto da Ailin, clique aqui.
Ilustração da capa: Podcast PodPah
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Onde comer? Sans Souci Bistrô - Av. Januario Miraglia, 3260, Campos do Jordão.